Dentes, Unhas e Amassos
Dias cinzas em meio cinzas de cigarro
Um batom borrado, como teus olhos
O vinho ainda em nossos hálitos
Se misturando a saliva e ao tesão
Corpos em guerra, sem trégua
Dobrando-se e retorcendo-se
Torcendo para que não haja fim
Como os cortes das tuas unhas em mim
Puxo teus cabelos, prendo teu corpo
No meu, nos lábios, nos rasgos
O suor na testa, nas tetas, na relva
Na mata, paraíso, da tua buceta
Selvagem... como animais
Com o sexo mais que intenso
Com gritos, em vez de sussurros
Com tapas, em vez de acalento
E no ápice, no gozo, no mais prazer
Dentes encontram carnes
Carnes encontram unhas
Corpos na contramão
E as cinzas do cigarro
O vinho dos teus lábios
O cheiro impregnado, molhado
De corpos depravados