segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Um Estranho Momento de Lucidez

Um Estranho Momento de Lucidez

O sal da tua pele em minha boca
O amargo gostoso que não desmanchou
O batom cor de rosa que marca
As feridas em minhas costas, que você deixou

O vinho derramado na parede
Alguns gemidos e meio tuas manhas
O batom borrado na cama, nos lençóis
Teus dentes, minha pele, tuas artimanhas

E delirar no teu mais simples toque
Firmar morada dentro no teu ser
Fingir verdades em meras mentiras
Delícias e malícias de prazer

Corpos que dançam sem melodia
Gemidos destilados no suor
Emaranhado de olhares e cabelos
Descansando em teus pelos e ao redor

Frenesi do encontro de paixões
De doçuras corrompidas em teus seios
A força do desejo que irrompe corações
A medida imperfeita do gozo devorado em seus meios

Foi mais uma noite de aventura
Enquanto adormeço em teus fugazes laços
Sussurra devaneios e outras desventuras
Mas, logo, amanheço solitário e sem teus braços

domingo, 4 de agosto de 2013

Não É Tempo de Poesia (ou Que Você Vai Ser Quando Crescer?)

Não É Tempo de Poesia (ou Que Você Vai Ser Quando Crescer?)

Sempre havia alguma coisa de certa
Alguma coisa certa em se fazer poesia
Era a rima, o gesto, a melodia

Sempre havia algo de sério
Algo tão próximo tão intimo, tão meu
Era a vida, o sonho, foi e se perdeu

Aquilo que era silêncio se tornava poesia
O cinza e seus tons, tudo florescia
Eram castelos de areia, que não se importavam
Com o vento, com as ondas, flutuavam

E veio o tempo em que tudo silencia
O beijo, a boca, a voz, eu... Esquecia
Que eram castelos de areia, que muito importavam
Mas veio o vento, as ondas, a vida e se apagaram