domingo, 15 de dezembro de 2013

Sobre Gatos

Sobre Gatos


Dizem que os gatos são seres místicos que espantam os maus espíritos, os impedem de se aproximar de nossas casas. Dizem que os gatos têm uma ligação com a magia, com outros mundos, eles olham muito além. Dizem que os gatos podem percorrer outros mundos, ir ao mundo dos mortos e trazer mensagens aos vivos. Dizem que os gatos resguardam nossos sonhos, põem pra longe os pesadelos. Mas, também dizem que os gatos roubam nossa vitalidade enquanto dormimos. E, estranhamente, sinto que os gatos têm uma ligação comigo. Geração a geração de felinos, estes resguardam meus sonhos. Na medida em que os mais antigos se pendem em suas jornadas a outros mundos, outro felino de estimação toma seu lugar como guardião dos meus sonhos. Desde que me entendo por gente, há um deles dormindo ao meu lado. Costumeiramente, desperto com sua presença furtiva ao meu lado, ronronando sonhos e fantasias sem fim. Não sei, ao certo, qual o segredo deste mistério que se esconde por entre seu caminhar silencioso, do seu olhar passageiro, da sua presença matutina, apenas caminham entre nossos mundos, domesticando sonhos e pesadelos, meditando perto de mim.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Algumas Verdades Antes de Dormir

Algumas Verdades Antes de Dormir

O que há por trás desta vil carne não é nada de mais belo do que um cadáver pútrido. O que há são histórias não contadas, engolidas e amarradas na boca de um sapo. O que há são histórias que nunca ninguém deveria saber, mas se contam antes de dormir. Histórias que se queria esquecer.

O que se esconde por trás dessa língua de trapo são histórias mal contadas e embebidas em fel, mágoa e traição. A verdade que se pode diluir e ingerir é tão turva como água do esgoto mais profundo e profano que os olhos possam ver, ou crer. Verdades tão duras ouvidas, fervidas nas orelhas de uma criança, como um caldeirão de uma velha bruxa nazista.

E o que vem depois é um silêncio aterrador, tão profundo quanto os olhos e um moribundo a padecer. Segredos disfarçados de mentiras que se gostaria de crer. Segredos velados e gravados na alma crua e inocente, maculada. A vida que se passa como um filme de terror gutural dos anos ’80; frio e imoral, sem cortes ou censuras.

E o que fazer agora, senão escrever? Tentar disfarçar as amarguras do tempo... Revirar baús empoeirados de vidas, sem vida, dentro de si. E mergulhar num abismo triste, uma prisão silenciosa e sem fim de vícios... Vícios de mentir para si. E a certeza do apartamento vazio é menor que a certeza da solidão ingerida em comprimidos para dormir.

Meus ossos doem de frio. Meus temores os corroem. A boca seca busca engolir alguma saliva... E antes que eu me esqueça, sim, tudo isso eu vivi.

... Eu acredito no silêncio das crianças!


"Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita"