quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Qual Dor É Passageira?


Qual Dor É Passageira?

Eu não me esqueci
Eu conheço e reconheço meus erros
Eu não vim mentir
Apenas sou chegado ao desapego

Não posso me sacrificar
Em uma culpa tão singular
Perdida ao vento no primeiro
Momento em que vento soprar

Não é questão de opinião
Apenas gosto de mensurar
Aquilo que vale a pena ser sofrido
E aquilo que logo deve passar... (E mudar)

Mágoa, raiva ou rancor
Não é preciso tanta assim
Pra me fazer repensar e pensar
Pra sentir, fingir ou fugir (talvez)

Apenas gosto das horas
Horas de fingir
Horas de fugir
Horas de sentir (o adeus?)

Eu não me esqueci
Eu conheço e reconheço meus erros
Eu não vim mentir
Apenas sou chegado ao desapego

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Fio da Espada


O Fio da Espada

Eu queria ser uma espada, uma lâmina
Uma lâmina afiada
Tão afiada, capaz de cortar bambu
E eu cortava bambu, quando sonhava cortar madeira
Eu cortava madeira, quando sonhava cortar ossos
Eu cortava ossos, quando sonhava cortar almas
Minha lâmina nunca estava afiada o bastante
Eu sonhava rasgar, romper minha realidade
Cortas os céus e mares
Onde eu encontraria pedra capaz de amolar minha espada?
Tal pedra existiria no mundo em que vivo?
E eu sonhava...
Lâmina, onde perdera teu fio?
No bambu, na madeira, nos ossos ou na alma?
Onde amolará teu fio que não terce, mas retalha?
Fora as almas que fatiara ou tua própria que fizera perder o fio?
É preciso amolar a espada, tua alma, se desejas trespassar o mundo!
Resta saber: é a lâmina que amola a alma ou a alma que amola a lâmina?
Onde forjará teu novo fio?

sábado, 25 de agosto de 2012

Deleite


Deleite

O quintal mais florido e harmônico de minha infância. A casinha mais rústica que vi em minha cidade. Os gestos mais gentis e bobos que alguém poderia lhe ofertar. Assim eram nossos tempos. Um quintal, que mais parecia sair dos mais deliciosos contos de fadas. Um poço velho, duas senhoras idosas distintas, uma mais alta e magra e uma mais gordinha e baixa, e alguns gatos soltos pelo local.

Lembro-me de creditar a elas o papel de velhas bruxas, mas bruxas boazinhas, daquelas que cuida de seus vizinhos. Era de se pensar, pois viviam para si, bem reservadas e curiosamente bondosas como nunca se viu.

Com o tempo estas idéias me fugiram a lembrança. Mas o mundo me fez repensar o mundo. Então eu pensei:

A mais baixinha parecia ser a bruxinha que fazia a mais magra e irritadiça ser boazinha também. Descobri, tempos depois, entre as papoulas do nosso quintal, que fazia cerca com cerca com o delas, que ela era como uma mãe a alguém. Muito tempo depois, somente muito tempo depois, depois de não ter mais tempo de conversar com ela sobre, descobri que ela foi como mãe de muitos!

Realmente, era alguém da magia, que criará muitos em segredo, ao menos segredos encantados, pra mim! Era a magia do amor! E era místico pra mim saber nos últimos segundos antes do adeus, que eu conhecia alguém tão fantástica, nas duas acepções do termo!

Foi encantado descobrir suas superstições de guardar um pote de barro cheio de sal grosso contra os maus olhados. Foi encantado pra mim descobrir que nos dias de sexta-feira ela delicadamente depositava algumas gotas de perfume na água de seu banho, pois era um dia diferente dos demais, diferente dos dias comum e requeria banhar-se assim.

Era a senhorinha mais doce que conheci e que me confundia com meu pai, a quem chamava de namorador, a quem teve muitos netos, sem nunca ter um filho. A quem devoto hoje um imenso amor maior do que antes, afinal, eu também fui um dos muitos netos!

Morte


Morte

A vela que cai. O ultimo sopro de vida... Silêncio!

Olhos atentos que velavam o corpo na rede. Um pequeno corpo frágil e quieto. Uma pequena casa de taipa e barro, humilde e aconchegante, cheia de personalidade. A certeza de algo que não se queria, mas deveria ocorrer. O ciclo... O final de um ciclo e o esboço de um pequeno sorriso, que compreendia a vida e a morte. Sorriso dos antigos, que não teme à hora chegada. O sorriso de quem viveu uma vida bem vivida.

Mesmo com tantos em volta, a casa parecia vazia. Aquela que a habitava já não se encontrava mais ali. O silêncio preenchia o ar. A tristeza se mesclava com a certeza do momento, que já se sabia que viria, mas nunca se desejaria.

A perda, o novo passo. Seguir, sem muito conseguir, adiante.

Na manhã seguinte, estes relatos de como fora o teatro da vida. Últimos momentos, quase lembrados como lendas, mitos e verdades. A dor e o respeito. O confuso momento de aceitar o ocorrido. O vazio no peito e a perplexidade diante do fim. O tempo dos vivos parece parar para reverenciar o tempo dos mortos!

E minhas palavras ficam presas na garganta.

Apenas ao entardecer, vejo o caixão. Pessoas em volto e seus últimos desejos de paz. Uma caminhada silenciosa, quebrada pelo inicio de um terço frio e impessoal. Meu corpo rígido e frio caminha. Segue em silêncio. Nunca senti minha fronte franzir-se tanto contra os ossos. Minha própria morbidez. Chegamos ao término de nossa caminhada solidária.

Aproximamo-nos da cova. O caixão desce a seu novo lar. Flores lhe comprem e, junto delas, lagrimas se misturam como soluções e gritos atordoados de adeus. Minha carne prende ao meu rosto, sofrendo em silêncio, segurando o choro. Cada músculo mobilizado em não transparecer minha dor, que, deveras, já estava ali estampada. A respiração presa e a voz que não foge da garganta. O corpo enriquece-se e contempla o demorado adeus, enquanto a cova é fechada.

Alguém diz “aí está tua mãe, tua filha!” sobre alguém jazido que não teve filho algum, mas muitos netos. Muitos netos! E mais choro e sofrimento.

Saiba, eu também sofri, eu também chorei, mas em meu próprio tempo.

Descanse em paz, mesmo sem as merecidas palavras mais puras e belas, pois eu continuo perplexo e paralisado nos portões azuis-frio do “25”!

Delírio


Delírio

Se era um sonho, ou um delírio, nunca vou saber.
Deitado em minha cama, os pensamentos voavam, batiam asas fortes para muito além.
As brumas, o nevoeiro em meu ser e uma história...

Acordei dentro de um delírio. Era dia, fim de tarde, não havia mais ninguém aonde eu ia, ou estava. Eu estava caminhando entre os túmulos e lapides do cemitério de minha cidade natal refletindo sobre a vida... E a morte!

Não sentia frio ou calor, o tempo parecia parado enquanto eu caminhava naquele cenário cinza de histórias esquecidas. Cada túmulo com suas marcas e detalhes. Crucifixos quebrados, o velho cimento feito como barro se desfez. Pedras carcomidas como esponjas do mar. Pequenas torres imponentes da morada dos mortos. Algumas aberturas no chão, pedaços de madeira. Pequenas manchas do tempo, lodo seco, marcas de velhas chuvas. Flores que exalavam o cheiro peculiar do ambiente supostamente inóspito e sem vida. Mas aquele era um verde puro que contrastava com a melancolia de suas lapides. Aquele era o cenário! Uma velha capela decadente ao centro se encontrava.

Entre as lapides meu eu sentiu uma presença. Virei lentamente a cabeça e vi um rosto alvo de mulher. Era magra e de cabelos bem pretos, trajava braço e silenciosamente se encontrava ao meu lado e falou:
- Lhe assusta a morte? – E timidamente respondi:
- Não há o que temer em uma certeza. – Ela, como uma voz calma e aterradora continuou.
- Realmente, nada, mas não é assim que lidam os homens com tais temas...
- Mas somos incomuns. – referia-me eu a sua natureza assombrosa.
- Sim, mas isso não muda os fatos!
- Mas esta não era a questão...
E uma frieza gélida e súbita tomara conta de meu corpo. Eu sabia que em suas palavras havia muitas pretensões e segredos. Mistérios tenebrosos dos quais eu desejava fugir. Era uma armadilha que eu deveria temer. Este era o intuito: fazer-me fraquejar em minhas certezas calmas. Certezas das quais adentrei aquele recinto. Eu deveria alimentar aquele ser com meu temor mortal.

Então, em frações de segundos em que eu racionava e buscava não transparecer medo e sim controle sob tal momento, uma busca desesperada por iluminação, uma pergunta e oferta capciosa ela me fez:
- Porque não prova dos frutos daquela árvore logo à frente? Não vê que está madura? Não seria cortês negar tal oferta ou tem nojo desta condição terrena?
Eu já não via mais ninguém ao meu lado.

Não tendo muito que questionar, com pernas semi-cambaleantes, caminhei sozinho entre as veredas dos túmulos, chão sem mato de onde se muito caminha. Terra fértil de corpos jazidos. Fruto amargo dos não vivos. Chegando, tomei o fruto em minhas mãos e em um surto de lucidez:
- Acho que vou deixar para depois... – mas eu já caíra na armadilha e uma serpente apareceu entre as plantas, pronta para dar o bote.

Esquivei-me o quanto pude. Corri entre os túmulos, arranhando braços e pernas. Pulando sobre corpos mortos, sob sete palmos de chão. Sem rumo, único caminho a seguir: o portão de ferro grande e azul, que acabará de fechar-se diante de mim.

Eu estava encurralado. Paralisado, de medo? Era isto o que eles queriam! E eu olhava a minha volta, meio desmedido, alucinando. Respirei fundo e senti algo viscoso e molhado em minhas mãos. Nem raciocinando rápido, como havia feito me acalmaria: um coração podre borbulhando suas secreções caia de minha mão.

Em desespero: coragem e gritos. Vociferando mentiras, as quais nem creia, enquanto corpos translúcidos se aproximavam silenciosamente, entre túmulos e vultos retorcidos. Era o fim, mas, por algum motivo, mesmo de uma coragem tímida, meus gritos conterão meu medo e o mundo a minha volta acalmo-se. Eu quase caíra para trás com o ranger dos portões se abrindo por trás de mim. O frio portão quase colado ao meu corpo deixava um suspiro seco escapar! Fugi!

Traduzindo-me Sobre os Três Próximos Posts

Os seguintes posts falam de um único dia, cheio de significado pra mim. Eles também poderiam ser nomeados como "Madrugada", "Dia" e "Anoitecer".

Não se trata apenas de um mero dia de inspiração e devaneios sem fim. Trata-se de algo muito meu e que há muito tempo este eu não conseguia ser tocado tão profundamente. Há uma gota de verdade em cada texto, há um copo de afeto em cada palavra e há uma oceano de respeito a quem dedico!

Podem não ser os textos mais convencionais que se esperaria dedicar a alguém que se foi, mas não foi alguém pura e simplesmente comum que se foi. Foi alguém que marcou muitas vidas com suas generosa presença e não caberia um formalismo impessoal a ela. Eu não me sentiria completo e inteiro em dedicar a ela poesias líricas e cansadas.

Dedico a Mãe Sebastiana cada brecha de pessoalidade que dispus nos meus textos. Cada delicada faceta que descobri a pouco sobre ela (ou quis redescobrir). Cada sentimento vivido e profundo, que ainda me inquieta.

Dedico textos fantásticos a alguém fantástica!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Do Feudo aos Burgos (ou Travessia das Feiras Medievais)


Do Feudo aos Burgos (ou Travessia das Feiras Medievais)

Eu era um rei, um soberano
Tinha tudo em minhas mãos
Pouco me faltava e, assim, eu vivia
A cada dia

Tinha o céu, tinha o mar
Tinha o solo e as sementes
Um punhado de estrelas
E certezas

Então, veio vocês
Com suas luxuosas fantasias
Delírios, lembranças, folia
Companhia...

Meu mundo era inacabado
Profundo e ao mesmo tempo raso
Tão barato em suas bijuterias
Sem um pingo de alegria

Agora, eu era plebeu, um outro, um qualquer
Tinha amigos e irmãos
Muito se vivia e pouco faltava
Muito se amava

(Dedicado a todos os meus caros amigos)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mistérios Sempre Existirão


Mistérios Sempre Existirão

Uma vez li em um livro de perspectiva junguiana algo sobre alquimia, que se remetia ao processo de autoconhecimento, perceber-se e mudar o que foi percebido. Dividia-se o processo de mudança em três períodos, como os três estágios alquímicos para a perfeição, metaforizados na figura da Fênix: nigredo, albedo e rubedo.

Uma vez, um professor ministrava sua aula e utilizou como metáfora a figura de Siddharta Buddha em sua busca pelo Nirvana, no qual derrotar a si mesmo seria necessário para alcançar a iluminação. Se despir de todos seus conceitos e preconceitos sobre si para mudar. Se despir de toda audácia e orgulho, planos, se deixar a deriva!

Este estado de nigredo, olhar pra si e ver refletidos os maus que não se desejava sobre si é um período conturbado e muito fácil de fugirmos. Nada é mais difícil do que nos percebermos como a origem de nosso mal. Percebermos que nos mantemos presos a nossas contingências e as naturalizamos como culpadas, quando nós poderíamos modificá-las. Alcançar a purificação, mudando um a um os delírios de si, banalizados no cotidiano. Alçar voou como Fênix deixando queimar-se no rubedo...

Há muitas metáforas que se pode usar para compreender este movimento nosso no mundo e como mudamos (ou não) em suas revoluções...

Algo interessantíssimo sobre o ser humano é que só nos percebemos a partir do outro, do contraponto de quem somos, do inominável desconhecido do dia-a-dia.

Que me venham boas contingências, se não vierem, que eu as construa. Que em sua construção não caia em hubris, se eu cair, que hajam olhos nervosos a denunciar e que eu reflita em suas íris, como espelho, aquele eu que me mostro em um instante, fugaz. Que no momento seguinte, eu me mostre outro outro de mim, que sou agora.

Que eu consiga despertar a irá dos deuses por me orgulhar de meus erros e elogiar meus pesadelos, pois dos prazeres da carne, eu danço em delírio...

Deus um delírio? Eu um delírio!
E grandes mistérios sempre existirão!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Deserto de Mim


Deserto de Mim

A cada dia procuro me reencontrar: Quem sou eu? Aonde vou?  De onde vim?
Crio narrativas, condenso histórias, reinvento meu mito! Mas há momentos que nada disso faz sentido, tudo se dilui em pequenos fragmentos de desilusão sobre si... Cada máscara, que eu não conhecia, cada disfarce, cada adereço, se perde em um vácuo temporal do instante! Quem eu creia ser, não é, e o outro me constitui, é parte de mim, e quando o outro cai, eu caiu. Se o outro usava máscaras, a minha face real seria uma máscara, mas não no sentido de ser eu falso, mas a relação ser falsa. Não condizemos como o que pretendíamos, logo somos estranhos entre si! Sendo assim, enquanto me percebo como palco, autor e ator de minha vida/história, percebo-me um deserto onde pequenas baforadas de vento criam redemoinhos e miragens que me fazem crer quem sou, que são e quem virão, mas quando chega a calmaria, e não o furacão, contraditoriamente, tudo se esvai, sobrando apenas o tempo real: o impacto do instante!
Não sou caçador de mim, mas um infinito intangível, impalpável, indolor que eu finjo sentir... Relendo este texto, percebo que, nada, nenhuma só palavra vai descrever ou tocar o que sinto, pois isso que se “é” é efêmero e cada momento uma nova faceta mistificada sob o signo do que um dia fui e não de quem serei ou posso ser. Sendo assim, só me resta este deserto a que devo vagar sem rumo, direção, a esmo. Eu deserto de mim!

sábado, 9 de junho de 2012

Mal Posso Esperar


Mal Posso Esperar

Você me deu a mão
Eu te quis pra mim
Era tão belo e então
Fiquei feliz assim

Mal posso esperar te ver
Mal posso esperar te ter
Mas posso esperar você
Mas posso esperar nosso querer

A vida tensa se dilui
Em chuvas de verão (e vão)
A vida se conclui
Em lua de prata no sertão

Mal posso esperar te ver
Mal posso esperar te ter
Mas posso esperar você
Mas posso esperar nosso querer

A paixão de uma vida
Sendo escrita em muitas linhas
Que se cruzam e são lidas
Em folhas amarelinhas

Mal posso esperar te ver
Mal posso esperar te ter
Mas posso esperar você
Mas posso esperar nosso querer

Escolhas


Escolhas

Pássaro voando sozinho
Solto na imensidão
Fugindo dos perigos
Tão frágil de coração

O vento sujo e frio
As nuvens cinzentas
Entre flores e espinhos
E tempestades violentas

É tão simples se libertar
E o peso de viver
É tão simples voar
E o peso de sobreviver

Mais fácil viver em bando
Alguém cai ditar o caminho
Não há liberdade sem riscos
Prefiro enfrentar os espinhos

O corpo em loucura transcendente
O peito de amargura quente
Fugindo pelos seus ideais
Pra lutar por sua vida e nada mais

É tão simples se libertar
E o peso de viver
É tão simples flutuar
E o peso de permanecer

domingo, 20 de maio de 2012

Estou Gostando...


Estou Gostando...

Estou gostando de você
Como vou te dizer?
Como não ser clichê?
Como te convencer?

Estou gostando de amar
Como vou te contar?
Como não exagerar?
Como te conquistar?

Estou gostando de sentir
Como vou te pedir?
Como não me iludir?
Como te seduzir?

Estou gostando do amor
Como um beijar-flor
Como um ator
Quem sabe como sonhador!

Quase Independente


Quase Independente

Quase independente do mundo
Só falta arranjar emprego
Só falta mudar de casa
Quem sabe até me formar

Quase independente do mundo
Só falta excluir o face
Só falta pagar as contas
Quem sabe até beber

Quase independente do mundo
Só falta comprar uns móveis
Só falta pagar os impostos
Quem sabe até sorrir

Quase independente de tudo
Só falta queimar os documentos
Só falta chegar ao fundo
Quem sabe me livra do mundo

Tédio em Envelhecer


Tédio em Envelhecer

Sou eu que não entendi
Ou o relógio parou?
As horas vazaram
E tudo se entediou

Sem emprego, vamos
Quase pra nos formar
Vivemos cada dia
Sem saber com o que sonhar

Saudade das velhas melodias
De um futuro que se podia mudar
Das promessas descomprometidas
Do medo do vestibular

O que será que tem na TV?
Mais noticias de corrupção
Outras tantas balas perdidas
Milagres em época de eleição

Procurar empregos
Desclassificados no jornal
Seriedade na entrevista
Ser você mesmo no carnaval

Tudo em seu tempo
E o tempo se ferrou
As horas vazaram
À conta gota que entediou

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Desculpa


Desculpa,

Tanto tempo faz, tanto fez, que não olho no espelho. Não paro e nem reparo quem sou, quem fui, quem serei e quem me torno agora. Preso no extremo lance da sedução de uma chama de vela, que não me permite ler os pequenos rascunhos de um livro que nem sei mais se quero escrever.

Meus personagens (meus eus que se foram) cheios de cor e brilho foram ficando opaco. Um cinza morno, vazio e melancólico do dia-a-dia, por mais que eu acreditasse ser um verde florescente... Assim é a vida nos dias de hoje, fazem-nos crer vaga-lumes e damos de encontro com a brasa da lamparina. Queimamo-nos!

Há de existir mais poesia, que não sei onde buscar. Talvez eu deva criar meu novo reino, mundo proibido, vacilar na fantasia e me deleitar no delírio pleno! Quem sabe estariam certos os mundanos: é se perdendo que se encontra...

Quase não há um pedido explicito de desculpas, mas, na verdade, é que a vergonha me aflige em ser tão direto. Peço desculpas por ter me feito tão correto, ter buscado tanto a vida estável, o mundo humano! Já não me cabe mais este grilhão, há outros mundos. Meu lugar é junto à poesia, há meus amores, meu Amor.

Aqui há monstros...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Procura


A Procura

Afinal, o que aconteceu? Ninguém percebe meu silêncio? O mundo está um caos, sabe? Eu devo ter passado muito tempo calado, mas não em silêncio, mas as pessoas não perceberam. Hoje, eu não estou calado no calor criativo, mas no gélido silêncio pensador.

Reverti-me de vários adornos e armaduras, escudos e espadas para enfrentar o mundo, mas, quando de fato estou ferido, não consigo me desvencilhar de tudo isto e simplesmente sentir a flecha que me atingiu, no pequeno espaço do momento, no golpe do destino, no movimento das eras.

É muito difícil ser humano, mais fácil seria ser semideus, imponente insensível. Voltar-se para sua própria dor é um ato heróico, maduro, mas como é que se faz isso mesmo? Simplesmente há algo dentro de mim que precisa ser sentido, mesmo eu não sabendo o que se é e como sentir, existe algo nem bom, nem ruim, necessário para me sentir vivo, mortal, passível de amor e delírio!

Eu não abandonei a espada, não derrubei o escudo, não estive em um silêncio tão profundo, nem mesmo me deixei atingir por algo. Apenas sinto que preciso sentir algo intenso, de preferência que me comova, me ponha em prantos, desestabilize-me, que eu perceba que ainda estou vivo e há perigos maiores por vir e que estes que estão passando ou passaram são meros fantasmas que vem me alertar dos novos gigantes nas colinas, dos feiticeiros incansáveis e dos reinos do submundo, reinos proibidos...

Eu preciso sentir algo mais intenso do que meu próprio coração batendo, algo que não me traga alegria e nem dor, mas me Desperte!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Das Pequenas Delicias da Vida

Das Pequenas Delicias da Vida

É muito difícil descrever aquilo que foi vivido e gravado na pele. Tuas curvas (se) moldam as minhas. Teus gestos acompanham os meus. Danças uma música sem melodia, mas cheia de acordes abafados, quem sabe, um dia, a luz de velas. É incrível como um mergulho em teu olhar, teus olhares, são mares, oceanos, de mistério, ternura e amor. Me inundo de teu ser. Me diluo nas tuas marés, me deixo ser parte de tua correnteza...

As pequenas carícias... a mão que passei pelo rosto, que desce pelo torso, se perde no infinito. Como semente que explora o mundo, ainda, não vivido, em busca de ar, de calor. Tateia a carne, a pele, encaixando-se para nascer, brotar, florescer. A semente penetra a terra para rompê-la, para borbulhar pequenos e invisíveis silvos do vento, ao tocar sua folhagem.

Cada traço, cada gesto, cada olhar. Estamos inteiros nisso. Flutuamos no infinito, entre as nuvens, entre as pedras... E meu corpo não cala o teu, abafa com sabor o pequeno afago de tua voz, dilacera toda necessidade de pensar, me entrega ao teu sentir, meu sentir.

Estas são as pequenas delicias da vida. [inomináveis]

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mitos Modernos

Mitos Modernos

Onde andam os violões
As velhas cantigas erradas?
Onde andam os brincalhões
E toda palhaçada?

Tudo bem que o mundo mudou
Mas há coisas que deviam ficar
Como beijo da menina
O desejo de ir além, sonhar!

É que são tempos difíceis
Tempos difíceis de amar
De visitar amigos perdidos
Difícil de acreditar

Onde andam os tambores
As brincadeiras de roda?
Onde andam os rumores
Que amar viraria moda?

TV virou religião
E fugir dos braços da menina
Tudo é motivo de solidão
Dizemos que ser só é nossa sina

Está estampado nos jornais
Perdemos tempo demais
Tentado viver um pouco mais
Mas viver de fato não se faz

Onde andam os poetas
E todos nós?
Onde andam nossos amores
Os deixamos a sós?

Velhas Vidas

Velhas Vidas

Era como atravessar a esquina
Fugir de casa e voltar
Olhar os olhos da menina
Então se apaixonar

Velhas lendas e mentiras escondidas
Entre as entranhas e os dedos
Que dedilham as fotos encardidas

Era como cair do alto
Sentir o peso do chão
Se esconder no mato
Dar asas ao coração

Velhas histórias perdidas
Recortadas na escuridão
Vagas e esquecidas na imensidão

Os velhos porta-retratos
O moveis empoeirados
O primeiro beijo
O primeiro namorado

Velhas lembranças corrompidas
Derretidas pela desilusão
Desejos que rebobina
Retrovisor das vidas que vem e vão

sexta-feira, 16 de março de 2012

DR’s

DR’s

Você tão cheia das certezas
Nunca parou pra me escutar
Só ouve o que te convêm
Parece não querer me amar

Este teu papo de tristeza
Parece um filme de terror
Meias verdades à mesa
Razão, um espelho que quebrou

Não adianta tentar me culpar
Rasguei a bíblia, envenenei meu amor
Não há vergonha de nada
Não sou o Judas que você beijou

Agora chega toda incriminada
Querendo me dar sermão
Baby, não me explore os ouvidos
Me escute, não sigo sim ou não... (talvez)

Você tão cheia das certezas
Nunca parou pra me escutar
Só ouve o que te convêm
Parece não querer me amar

sábado, 11 de fevereiro de 2012

De Boca em Boca

De Boca em Boca

De boca em boca
Passando a cereja
O tempo não passa
Vem mais cerveja

Num banco da praça
Músicas loucas e cores
Filtramos o álcool
Esquecemos as dores

Sorriso e meias verdades
A noite tão boa
Vamos numa boca-livre
Vivendo à toa

Não me telefona
Não enche meu saco
Encha meu copo
Me sinto um caco

Meia luz de motel
Baby, relaxe, acorde
Baby, não me ame
Apenas, me morde!

De boca a boca
Passando a cereja
O tempo não passa
Vem mais cerveja

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Blues da Aspirina

Blues da Aspirina

Sou um pequeno livro aberto
E tantas páginas arrancadas
De uma vida cheia
De mentiras escancaradas

A verdade é uma sopa
De muitas letrinhas
Se diluindo aos poucos
Sobrando só as entrelinhas

Neste festival incerto
Que o profeta não rogou
O bar é a parada certa
Que a esquina consagrou

E vejo anúncios na TV
Já não ando tão down
O vazio, em mim, tão vago
Já não causa tanto mal

Compradores, piscinas
Fazenda, cinema, jornal
Toda minha tristeza, angústia
Se dilui (se dilui) em crédito especial

sábado, 21 de janeiro de 2012

E, Hoje em Dia, Como é que se Diz “Eu te Amo”?

E, Hoje em Dia, Como é que se Diz “Eu te Amo”?

Compreendo o toque em tua pele
Quando o teu sorriso se esconde
O vento sopra teus cabelos longe
E tua timidez me morde

Eu nem sei por onde começar
“Vamos dançar, meu bem?”
Um sorvete, um papo em particular
“Eu também não tenho ninguém”

Não há mal nenhum em amar
Desde que se faça por inteiro
Cada gesto, uma nova estação
Novas primaveras em teu beijo

O vento sopra longe, muito longe
Todas as preocupações
Deixando nossos corpos firmes
A pernas bambas a tremer

Diga se quer... Se quer querer
Se te cabe um pouco de paixão
Tenho braços largos, bons
Que te cabe meio sem por que

Compreendo a tua indecisão
Os dias parecem tão calmos a sós
Mas as tardes parecem tão vazias
Queria, contigo, preenchê-las de nós

Antes que se perca
Tudo aquilo que decorrei
Que me sinta um bobo
Nunca esqueça que eu te amei

Flashes de um Orgasmos

Flashes de um Orgasmos

Cair na tua cama
Mergulha no teu mundo
Ah, respirar o teu perfume
Ondular nos teus cabelos

O tempo para aos nossos olhos
O espaço é infinito
Não tenho hora pra chegar
Ou mesmo partir

Tudo mais fica tão lento
Teu corpo voando sobre o meu
Teus braços me agarram sutilmente
Sobre mim, o universo para

Prendo a respiração
Tua mão me afaga
O mundo se abre em sonhos
A pulsação não para

Luzes e cores se desmancham no ar
Se lançam ao léu, ao infinito
Tudo é tão claro e o batom
Mancha minha pele

Explodem constelações
Nascem estrelas d’alva
Super-nova, estrela da manhã
E teu abajur se apaga...

Chuva de Estrelas Cadentes (ou Brincadeiras de Amor)

Chuva de Estrelas Cadentes (ou Brincadeiras de Amor)

Vem meu amor
Vem procurar
A mais bela estrela
No céu a piscar

Estrelas cadentes
Cadetes contentes
Moinho de cor
Meu amor, minha flor

Vamos nos molhar no sereno
Grilos, serenatas, frescor
A chuva é tão delicada
Como um breve beija-flor

Caminhar nas nuvens
Quase de algodão
Empinar pipas
Dentro de um nobre coração

Tudo aqui é tão claro
Doce carinho molhado
Beijo, desejo, afago
É tão bom estar apaixonado

Vem meu amor
Vem procurar
A mais bela estrela
No céu a piscar

Estrelas cadentes
Cadetes contentes
Moinho de cor
Meu amor, minha flor

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Duas Semanas

Duas Semanas

Pode parecer muito pouco
Pode parecer eternidade
Quero você, agora, aqui
Livre de qualquer bobagem

Quero me enrolar nos teus pelos
Quero te dizer bom dia
Mesmo com preguiça
Fingir um pouco de alegria

E o tempo não vai passar
A nostalgia, o tédio, harmonia
O tempo não vai correr
Por nós dois, monotonia

São só duas, duas semanas
Quase inverno glacial
Quase o fim do mundo
Terceira guerra mundial

São só duas, duas da manhã
Eu e meu pesadelo
Meu mundo inquieto
Meu mundo modelo

Pode parecer muito pouco
Pode parecer eternidade
Quero você, agora, aqui
Livre de qualquer bobagem

Saudades de uma Sexta

Saudades de uma Sexta

O mundo inteiro acontecendo lá fora e eu, aqui dentro, não dentro de meu quarto, dentro de meu peito, um vazio cheio de saudades. Onde foi para o brilho do dia? Nos teus olhos? Talvez sim, por não vê-los, meus dias parecem tão mais cinzentos...

E este frio em meu peito, parece uma chama que se apaga lentamente por falta de seu combustível. Meu combustível, talvez, seria teu sorriso, teu calor, este contato quente que acontece entre nossos corpos, esta união de vidas, dos encontros cada vez mais pulsantes.

Esta casa vazia só representa o tamanho da minha solidão: espaços vagos e cheios de significados. Cada detalhe a minha volta me lembra você, fotos, roupas, lembranças, todas impregnadas em minha pele. O café na manhã é tão sem graça, cadeiras vazias e um amargor na boca. Ah vida!

Sinto saudades más neste momento, aquele tipo de saudade que aperta o peito, mas não traz aconchego, não representa um beijo de despedida de namorada, apenas o adeus discreto e pálido.

Te amo, se não amasse não sofreria tanto assim, tão desesperadamente romântico, aos moldes mais ridículos que um mero poeta de rua viveria. Volte logo pros meus braços...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Izabella, com Amor.

A Izabella, com Amor.

Sensação estanha de parecer viver o fim de um seriado (ou pelo menos o fim de uma temporada). Ver a linha do horizonte cortando o céu azul, um céu nublado, parecendo compreender minha doce solidão, meu retorno a vida real, que é me separar de meu amor. Acordar de um sonho lindo!

Tudo parece tão em calma. O clima meio frio, em uma cidade tão abafada, parece surreal. A paisagem harmônica, paradoxal a tudo o que se vê em dias comuns, como chamamos. As folhas secas que caem das árvores, um silêncio de fim de ano. As nuvens cinza no céu, anunciando uma noite solitária, nada solidária. Um gole de café.

Ouvir Cazuza, Legião e, até, Coldplay tomam um tom diferente do normal. Minha aquarela vivida está borrada com tons de saudosismo. Esta tinta que mancha minha tela é a saliva bebida de teus lábios, doces e suculentos. Este mundo vai deixando o dia amargo, mais que o meu café que toca meu degustar. A docilidade que há em teus beijos só faz sentido em teu lado, sem ti, o mundo amargo!

Não quero que sinta pena, mas compreenda que o brilho de teus olhos ilumina meus dias. O toque de tua pele me acalenta e me esquenta o coração. Que o perfume que teus cabelos exalam, me entorpece os sentidos, me fazendo sonhar acordado.

São pequenos detalhes de um domingo parado. Ruas vazias. Casa silenciosa. Músicas melosas. Tudo muito calmo e sonolento. Tão distante está minha paz, meu ser, meu querer, meu amar!

Sou grato pela tua presença e tua ausência. Uma me faz viver, a outra me faz escrever!
São as faces necessárias a um poeta.
Sou-te grato, minha musa.

Imperativo Sonhar

Imperativo Sonhar

Senta aqui
Posso te falar das coisas bobas
Posso te contar das coisas tolas
Que você inventou pra mim

Vem pra cá
Deixa eu te mostrar o que quero dizer
Deixa eu te encantar com minhas novas mentiras
Que eu não quero apenas você

Deixa tudo e vem
À hora é esta, mesmo sem por que
Mesmo sem querer, há algo ali
Escondido em teu sorriso e quero sorver

Vem me ver
E, quem sabe, voar sem perceber
Se balançar nos meus braços, sonhar
Teu corpo flutuar, meu bem-querer

Sinta meu sonhar
Fantasias diluídas no ar
Fotografias desenhadas em poesia
Sentir um encanto, uma magia...

Ainda Sei Falar de Amor

Ainda Sei Falar de Amor

Ainda sei falar de amor
Ainda rimo em bom português
Palavras cheias de sabor
Frutos proibidos, solidez

Ainda acredito em paixão
Aqueles versos desmedidos
Tracejados pelo coração
Que guardo esquecidos

Ainda fujo da suposta dor
De minha pobre sensatez
De não me entregar a um amor
De não enlouquecer de vez

Assim os dias vêm e vão
Palavras cruzadas em poesia
Batidas surdas do coração
Versando pequenas melodias

Cabe a você transformar
Resgatar estas alegrias
Te versarei frutos de meu pomar
Meus pecados e fantasias

E ainda sei falar de amor
Mesmo fugindo das feridas
Venha me tirar deste torpor
Colher tua fruta preferida

Sócio-econômico

Sócio-econômico

Esqueci as chaves de casa
Que diferença isso faz
Todo lugar é perigoso
Perigo pra todo rapaz

Não há muito que viver
Apenas sexo, drogas e prostituição
Tudo isso vejo na TV
Ou qualquer site e sua poluição

Somos cúmplices visuais
Somos os filhos perdidos de uma nação
Somos sobreviventes amargos
Somos o holocausto desta civilização

Tudo contado e cotado
Maquiado, vendido como perfeito
Nos vendem a inevitabilidade
De sermos um pedaço de carne imperfeito

Cada passo em falso
É a certeza de um vislumbramento
Uma vitrine que nos balança
As ofertas estratosféricas do firmamento

Somos cúmplices visuais
Somos os filhos perdidos de uma nação
Somos sobreviventes amargos
Somos o holocausto desta civilização

Estamos tão cegos com as luzes
Como tolos vaga-lumes
Que se queimam pela própria leveza
De não ser alguém sem vislumbres

Nos vendem nossa liberdade
E acreditamos continuar presos
Não importando qual a verdade
Apenas que lucremos com o menor preço

Somos cúmplices visuais
Somos os filhos perdidos de uma nação
Somos sobreviventes amargos
Somos o holocausto desta civilização

Sobre Pais e Filhos

Sobre Pais e Filhos

Falamos português
Mas falamos a mesma língua?
Pretensões de compreender
Tuas exigências, minha sina

Trancado no meu quarto
Tudo parece tão normal
Minhas notas baixas
Meu precário curso de inglês

Eu te falo de musica e amor
Você me julga não entender de dinheiro
Mas, o que eu quero, nem sei
Nem de quanto precisarei...

Não me entendo como inconseqüente
Eu só não quero ser precoce
Esta pose de bom burguês
Respeitável e de boas posses

Minhas gírias te aborrecem
Meus desejos te enlouquecem
Mas você não ouve, a minha voz
Nem quando estamos a sós

E o que podemos fazer?
Esperar o fim do mundo?
Mudar de endereço?
Sei que tem medo de me vê crescer!

E é por isso que eu aguardo
Tuas respostas e frases feitas
Tuas palavras polidas
Tuas verdades e mentiras

Janeiro à Janeiro

Janeiro à Janeiro

O dia amanheceu e
Em claro, eu sei
É que as coisas vão ficar
Estáticas, entenderei

Mal compreendo os raios do sol
A sós, doem as pestanas
O dia me incomoda a ressaca
Do mar, que vejo pelas venezianas

Cada coisa em seu lugar
Cada qual em cada qual
Tudo na varanda, em pó, poeira
Tudo para o ego é normal

Meu tédio cheio de si
Minha vida cheia de nada
Tudo tão vago como o alfabeto
Palavras cruzadas

Mas que um dia nasça o amor
Que tudo se perca de mim
Não faça sentido, faça feliz
Se entenda no fim