O Fio da
Espada
Eu queria ser uma espada, uma lâmina
Uma lâmina afiada
Tão afiada, capaz de cortar bambu
E eu cortava bambu, quando sonhava cortar
madeira
Eu cortava madeira, quando sonhava cortar
ossos
Eu cortava ossos, quando sonhava cortar
almas
Minha lâmina nunca estava afiada o bastante
Eu sonhava rasgar, romper minha realidade
Cortas os céus e mares
Onde eu encontraria pedra capaz de amolar
minha espada?
Tal pedra existiria no mundo em que vivo?
E eu sonhava...
Lâmina, onde perdera teu fio?
No bambu, na madeira, nos ossos ou na alma?
Onde amolará teu fio que não terce,
mas retalha?
Fora as almas que fatiara ou tua própria que
fizera perder o fio?
É preciso amolar a espada, tua alma, se
desejas trespassar o mundo!
Resta saber: é a lâmina que amola a alma ou
a alma que amola a lâmina?
Onde forjará teu novo fio?
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