terça-feira, 30 de abril de 2013

Quase Um Cordel (ou Pena que eu Não Levo Jeito pra Cordel)


Quase Um Cordel (ou Pena que Eu Não Levo Jeito pra Cordel)

Meus olhos choram
Choro de retirante
Choro de terra ferida
Choro dos desinteressantes

Meu peito sonha
Sonho de chuva fresca
Sonho de molhar a terra
Sonho de fim de seca

Meu coração canta
Canto de passarinho
Canto no sertão e sabiá
Canto de uva e de vinho

Meus olhos chovem
Chuva de lágrimas de infância
Chuva de banho de bica
Chuva de inverno e abundância

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Paradoxo da Poesia

Paradoxo da Poesia

Há muito tempo eu busco fazer poesias simples, pequenas, delicadas, mas nada me parece caber em poucas palavras. Sinto-me inclinado aos excessos. Faço rimas e prosas, mas não alcanço a perfeita sintonia que busco. Exagero nas metáforas, nada parece fazer sentido. Palavras bonitas jogadas aleatoriamente, como lance de dados. Ontem à noite eu tive um sonho, e dele, por fim, veio-me a inspiração: Não dizer absolutamente nada, apenas o tempo de um suspiro, fechar os olhos, após o encontro de teus olhos, beijar-te e dizer “eu te amo!”. Nada mais precisará fazer sentido, ser dito, rimar, as frases poderão ser clichê, mas o sentimento que vai tamborilar em nossos peitos serão a única poesia sinfônica a ser ouvida no silencio de nossos lábios...

Droga, fiz de novo, os excessos das palavras!

sábado, 20 de abril de 2013

O Declínio da Carta XVI (ou Manifesto Contra a Torre de Marfim)

O Declínio da Carta XVI (ou Manifesto Contra a Torre de Marfim)

Em jogos de cartas marcadas, eu subverto a ordem, eu inverto os temas, eu invento a roda. Não é preciso ir muito além para se descobrir uma teia de aranha, uma teia digital, que nos prende (ou tenta nos prender), nos limitar as asas, mas não nos cansamos de voar! Ateamos fogo contra a teia que nos prende e chamuscados abrimos asas, abrimos voo em decadência, e em ultimo instante em cena, nos revelamos fênix e vitória! Afinal, a magia nasce da necessidade!

Não será por seguir o som de seus passos que poderemos vislumbrar o horizonte... Queremos sempre ir além, além da máquina, das maquinarias, de um horizonte holográfico, queremos fingir tocar com ímpeto o firmamento. Somos deuses que nasceram da carne do homem, somos homens que provieram das ideias dos deuses. Somos encarnação de um canto muito antigo e há muito esquecido, somos magos ordinários em tempos de pessimismo colorido, dolorido e extasiado, que nega a dor de existir e anestesia a tentativa de inventar um mundo novo (mas não a Nova Ordem Mundial)!

Somos a semente, que ninguém plantou. Somos o fruto, que ninguém degustou. Somos a árvores, que ninguém abraçou. Somos caminho ainda a ser feito! Ouça o som da minha voz, mas não siga meus passos. Ouça o apelo do mundo, mas não curve diante dele. Ouça o tempo girando, descendo e rodando sem fim, mas não se perca nele.

Desperte!

Mesmo assim, talvez você queira jogar o jogo das cartas marcadas, nada impede. Cada um que faça seu caminho, mas há um pedido, um único imperativo que vale a pena ser escutado e seguido:

E agora vão, e cometam erros interessantes, cometam erros maravilhosos, façam erros gloriosos e fantásticos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais interessante por vocês estarem aqui. Façam boa arte!”*

* Trecho retirado de um discurso proferido por Neil Gaiman. Escolhido por mim por parecer um bom devaneio!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Gota D’água


A Gota D’água

A gota d’água
Cai do infinito e além
A gota d’água molha o rosto de alguém
E tudo se espalha
Em tons de cinza
E o frio do ar
Nos deixa um tanto ranzinzas
A chuva não para
Não sabe onde vai parar
Não para de chover
E aqui dentro chora
O barco se nega a navegar
E a deriva no oceano em pranto
Se perde em ondas de mágoa
Coisas que magoam, pessoas
Coisas que machucam, angústia
Angústia de viver... e de amar
E amando vamos nos desfazendo em lágrimas
A gota d’água que cai do infinito ar

sábado, 13 de abril de 2013

Aquilo que Sonho que Sou!


Aquilo que Sonho que Sou!

A parte mais forte de mim, talvez a mais vulnerável, é aquilo que sonho que sou!

É o escritor. É o contador de histórias. É o amante. É o herói. É o sonhador.
É tudo aquilo que se guarda sob minha carne. É tudo aquilo que sustenta meus ossos. É tudo aquilo que flui com meu sangue!
Sustentar os sonhos aos olhos do mundo talvez seja um fardo complicado, daí meu temor em descompasso com meu sonhar! Tornar-se aquilo que se quer é responder com responsabilidade àquilo que se sonha. Seria, então, assim tão fácil ser escritor, contador de histórias, amante, herói e sonhador se na primeira falha aos olhos do mundo, como ceifador, marcará nossas carnes?
Mascaras se sustentam leves, medos se sustentam acomodados, sonhos, por outro lado, são uma responsabilidade que ardem como fogo no peito!
Deveria eu sonhar junto ao mundo e assumir passo a passo o meu incessante desejo? Lograr em batalha diária meus sonhos a fio?
Quando chegará a hora do guerreiro brandir sua espada e cortar o véu da realidade?

Ainda assim, a parte mais forte de mim, talvez a mais vulnerável, é aquilo que sonho que sou!
É o escritor. É o contador de histórias. É o amante. É o herói. É o sonhador!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Poesia Concretinha


Poesia Concretinha

A tela do computador
Não reflete a luz dos teus olhos
Nem mesmo a lua
Consegue imitá-los

As ondas do mar
Não mexem como teus cabelos
Ondas que embalam
Meus desejos e medos

As nuvens do céu
Não parecem tão distantes
Quando penso em você
E enxergo o horizonte

Meus pensamentos e palavras
Não me acalmam como teu colo
Não me afagam, não me agradam
Sem teu amor, não me consolo

Repito


Repito

Palavras
Meu templo
Minha danação

Palavras
Minha respiração
Minha fantasia

Palavras
Meus instrumentos
Meus delírios

Palavras
Frases ao vento
Pés no chão

Palavras
Alguns sentimentos
Caneta na mão

domingo, 7 de abril de 2013

Poesia Precisa


Poesia Precisa

Preciso te mostrar
O que vai além dos teus olhos
São delicados sonhos e devaneios
Do teu pomar, eu colho

Gosto de me imaginar
De me perder em ti
Nos teus olhos, teus cabelos
Nos teus modos de me iludir

Não é que eu me prenda
Não se trata de uma prisão
É me encantar com teu corpo
Teus movimentos, tua sedução

É que há tanta poesia em ti
Que é difícil definir o abstrato
Explicar teus dons e delicias
Seria reduzi-la a um mero retrato

Apenas aceite esta singela poesia
Estes pequenos truques e flerte
Mas há pecado em desejar
Teus doces beijos a meu deleite?