quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Teu Batom, Um Pincel

Teu Batom, Um Pincel

Há tempos que a tinta secou
Uma bela aquarela viva
Vivos sonhos coloridos
Vivo sonhos mal vividos


Ainda assim pincelo
Não me deixo levar
O céu cinza chuvoso
Em azul me ponho a pintar

O por do sol prolongado
Em uma folha de papel roubado
Pedaços de nossa realidade ou não
Sonhos, devaneios, ilusão

Pouco importa o nome da peça
Desde que me peça
Um beijo em teu batom pintado
Sem um adeus prematuro no ar rabiscado

Poesia meio vaga, mas cheia de amor

Poesia meio vaga, mas cheia de amor

As luzes fracas da noite
A tela do computador
O chá morno ao lado
O digitar abafado

O encontro entre eu e tu
Entre um eu e um tu
Dois mundos que se encontram
Dois universos que se namoram

O comprimido tempo
O remédio necessário para dormir
Conversas coisas do dia-a-dia
Ler tuas frase e sorrir

Então vai ficando assim
Meio acordado, meia noite
Meio amanhecendo, meio sonho
Então tua poesia chega ao fim

domingo, 16 de agosto de 2009

A Ultima da Noite

A Ultima da Noite

Ouço longe o som dos ponteiros
O silencio vago nas ruas
Pela janela poucas estrelas
Sem você, nem mesmo a lua

O vento bate e espalha os papeis
Recortes de fotos e frases
Recortes da solidão
Lembranças doces e cruéis

Minha cabeça no travesseiro
O sono que não chega
O sonho que não esta do meu lado
O desejo real que se nega

O destino que nos uniu
O destino que nos espera
O toque leve da tua mão
O tempo que nos consumiu

Agora fico aqui com os ponteiros
O frio, a rua, o vento e o desejo
A falta de teu sorriso
O arrependimento de não ter teu beijo

Uma breve, realmente breve, explicação sobre a humanidade...

Uma breve, realmente breve, explicação sobre a humanidade...

Afinal, o que nos divide do rebanho e da verdade? Por que estamos tão mergulhados em ritos místicos, mesmo os que são maquiados de forma categórica, tidos como ritos de passagem, na era contemporânea? Por que nos apegamos tanto a tudo o que nos rodeia se tudo tende ao pó, pois é ao pó que voltarás?

Para alguém que tem a eternidade essas mudanças-rituais se tornam um banquete para os interessados em escárnio para com os desafortunados sem a imortalidade. Eles vagam num mundo finito e cheio de porquês tolos que os prendem a um mundo de mentiras infantis, de rituais sociais que se dissipam quando o importante é sobreviver. E é exatamente isso que fazemos, é por isso que nos diferenciamos tanto dos humanos: nós sabemos que sobrevivemos e tentamos sobreviver a todo custo.

Enquanto isso os símios ficam dançando em volta de suas novas fogueiras, que antes produziam carvão e servia para espantar os predadores da noite (fico imaginando quem eram os “predadores” principais na noite...), enquanto nos dias contemporâneos eles dançam em volta de maquininhas digitais, para espantar o medo da solidão, e sim, a solidão é a nova porta de entrada na vida de uma boa caça, um predador astuto sabe disso.

Por que perder tempo com pessoas com vínculos profundos na sociedade, estas sempre causam problemas, pois os familiares tendem a criar investigações. Melhor é caçar os desafortunados que tem como companheira intima a solidão.

Voltando ao assunto de ritos de passagem, para nós, criaturas imortais, logo superiores, temos apenas dois ritos: o beijo e o abraço.

Sendo que o beijo muitos já devem saber no que consiste.. Consiste em beber o sangue do futuro imortal e dar de presente um pouco do seu proprio para o infeliz morto de fome (que ironia, “morto”...) se alimentar. Já o abraço consiste em um trabalho árduo e nem sempre gratificante, pois enquanto uns são abraçados sem ter consciência do que se tornaram e, normalmente, esses têm vida curta, devido a cometerem deslizes, como atacar velhinhas nas ruas para saciar sua fome. Os que sabem da verdade antes do beijo ficam fadados a possíveis acessos de loucura, pois é complicado escolher entre morrer e viver para sempre, é claro que por um belo preço módico de evitar o sol, ser atacado por animais, beber sangue...

Enfim, são rituais, menos bobos do que os produzidos pela raça inferior, humanos, pois eles se preocupam com se alfabetizar, com a festa de debutante, com a maioridade, com o primeiro vestibular, entrar na faculdade, primeiro beijo, sempre preocupados com os primeiros, sempre preocupado com as mudanças que os primeiros causam quanto a nós, preocupamo-nos com a eternidade, o estar por vir...

Os “primeiros” não significam nada, a não ser uma mera lembrança fraca e perdida no tempo, não tem valor o primeiro, pois não somos finitos, não temos por que nos apegar tanto a essas lembranças casuais do dia-a-dia, ou melhor, de década-em-década.

Mas algo é importante ser dito, mesmo entre nós imortais, existem diferenças sutis, e existem diferentes tipos de imortais, suas realidades e culturas, de onde vieram...

Então, lembre-se bem de minhas palavras, criança, se você quer sobreviver neste mundo você tem que ter consciência que sempre se sabe menos do que se precisa, e que existem muitos mais mistérios do que os que já aprendemos a decifrar.

Sabe por que eu o escolhi para ser meu aprendiz? Apesar de você ter muitas ligações com a sociedade em seus diferentes meios, você não se prende a ela, não se prende a suas regras e normas, você se escamoteia entre tudo e todos, você é um verdadeiro camaleão, um caçador nato. Dentre os humanos sempre aparecem criaturas como você, que compreendem que se prender demais aos laços afetivos e culturais é uma armadilha para a compreensão da vida, ou não-vida, depende do momento em que se está.

Mas o fato é que você mantém seus laços ao mesmo tempo em que não se prende a eles como uma verdade, mas algo que o constitui como ser humano, não coloca os valores acima da razão. Você compreende que tudo isso a sua volta não passa de uma invenção humana, um sonho compartilhado, um sonho sonhado em conjunto. Agora vá! Fazer estes discursos sobre a mediocridade humana cansa, existem imortais que já o fazem há séculos e nunca acabam os temas e acontecimentos factuais para que se possa debochar da humanidade.

E mais uma coisa, não se esqueça: você vive em dois mundos e para o bem de ambos os mundos, mantenha-se atento e de boca fechada, afinal vampiros não existem e nós estamos de olho em você, por mais que queríamos você ao nosso lado, sabemos que você não deixa de ser um símio e pior, mesmo entre nós a traição é a melhor arma de sobrevivência, às vezes as adagas usadas nas mortes de nossos inimigos políticos tem uma assinatura com a seguinte frase: “com amor...”

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fuga

Fuga

Deixe-me aqui com minhas musicas
Não te quero escutar
Falando de racionalismo e sem por que
Mas agora sei, hei de mudar

Quem sabe o que poderei
Mudaria de casa, roupa ou lugar
Mudaria de vida por alguem?
Não será a razão que vai explicar

O que quero é estar para além
Ninguem além de mim poderá tocar
Por que, é assim, olhe
Sou só eu a quem interessa sonhar

Então, deixe-me aqui com meu café
O vinho já secou
Não quero a tua nobre fé
De realidade minha vida se cansou

Seja que seja delirio
Mas ao menos posso tentar
Fingir quimeras escolhidas
Fingir poesias Fingidas, mas não fingir sonhar

Dor?

Dor?

A dor que é dor
O que é dor?
Que dor faz doer?
Não sei falar o que eu penso
Não sei pensar o que quer me falar
Mas posso dizer sobre o que faz doer

É o tempo que nos rauba a juventude
É a ironia que nos rouba o sorriso
É a preguiça que nos rouba o tempo
É o sorriso que marca traços de velhice

É o amor que não se sabe se é amado
É o perdão que nos é negado
É o entendimento que não quer ser entendido
É o pensamento que nos faz ser ferido

É a poesia que não se pode cantar
É a alegria que não se pode gritar
É as manhãs tão frias
É a solidão calma amiga sombria

É essa a minha dor ou a sua?
A dor que se pode sofrer?
O que é dor? que dor!
Seria a dor que não sei dizer?

essa poesia é dedica a uma amiga...[a pedidos dela foi feito todo na base da intuição, intuir o que se passava sem muitas certezas, a não ser a de não entender...]

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Canto da Tinta Silenciosa

O Canto da Tinta Silenciosa

Canto em silencio
Há muitos sons na rua, sei
Mas isso não me irá impedir
De griar os sonhos que inventei

O caminho é muito longo
Pouco a pouco eu vou prosseguir
Passos largos, quando cansado curtos
Mas mesmo assim não vou desistir

Tenho comigo muitos mundos
Uns vividos, outros fingidos, sei
Mas neste mundo não me iludo
E se me iludo, no fim acordarei

Não só o galo canta nas manhãs
Minha caneta em orquestra se firmará
Umas notas simples, as vezes fora de tom
Mas os meus sonhos vou cantar

Uma viola desafinada
Aos poucos o chiar do bule, meu café

Olhos vermelhos de insonia
Planos noturnos de mudar e viver

Tempo Apatico

Tempo Apatico


Em dias de chuvas como este
Sinto o tempo parar
As coisas todas suspensas
Tudo fora do lugar

Remonto minha vida
Com bloquinhos de pilhar
Peça por peça sem simetria
Como um sorriso a enganar

Não é fácil viver
Não é fácil chover
A água queima o tempo
Para poder descer

As nuvens existem apenas para chorar
Lagrimas e frio no ar
Silencio e solidão
Tarde sem anoitecer, noite em vão