segunda-feira, 27 de junho de 2011

Novos Cotidianos

Novos Cotidianos

Agora pegue a minha mão
Vamos voar muito além
Além dos montes e montanhas
Bem longe de todos e de ninguém

Vamos recitar poesias
Recriar nomes de animais
Vamos adivinhar figuras no céu
Vamos imitar nossos pais

Tudo parece tão belo, aqui
Nada nos importa e tudo nos interessa
Tudo tão calmo em meio ao caos
Mesmo assim cantamos sem pressa

Atravessamos na contramão
Anos oitenta e noventa
Não precisamos de muita luz, tecnologia
A luz de velas e estrelas nos orienta

Vamos pular na corda-bamba
Sonhar com coisas irreais
Imaginar um mundo novo
Vamos viver bem mais

Pequenos Amores

Pequenos Amores

Será que alguém domina meu território?
Será que eu domino você?
Escrevemos cartas românticas
Que ninguém irá ler

São jogos de amor e de azar
Não interessa quem vai ganhar
Estamos sempre de um lado
Mas nunca como namorados

Você inventa a indiferença
Eu invento novas melodias
Trágicas comédias modernas
Pequenos fragmentos de poesia

E quando tudo isto vai para
No bairro, na escola, na esquina?
Desde que pare em você
Para te fazer minha menina

São coisas bobas do dia-a-dia
Que se perdem a cada manhã
Será que ainda seremos românticos?
Será que vale a pena amar?

Quem ainda acredita em amor
A primeira vista ou inventado?
Quem tem medo do que sente
Será que temes ser amado?

Ainda fazem poesias
Ainda inventam amor
Ainda criam melodias
Ainda amo quem me amou...

Amor Adolescente

Amor Adolescente

Eu olho tão distante
Te sigo no corrimão
Distraído, feito bobo
Invento músicas com o violão

O mundo parece mais calmo
Até o céu parece mais azul
As nuvens navegam lentamente
Reinvento nosso mundo

Mas as margens da fronteira
Sinto o medo me aprisionar
Mãos tremulas, voz falha
Acho que não vou me declarar

Cenas de um romance
Minha tragédia particular
Nem sei se me percebe
Se gostaria de participar

Eu e meus poemas secretos
Te seguimos no pátio escolar
Um anjo, fada, princesa
Que temo me observar

Enquanto isso, eu te verso
Descordado, acordando a vizinhança
Acordes em desacordos
Eu sou teu amor, sou tua criança

Besteirinhas de Amor (Que Escrevemos)

Besteirinhas de Amor (Que Escrevemos)

Cartas, velhas cartas
Que inventei pra você
Mundo, todo mundo
Não precisa saber

Versos, bobos versos
Que não puder recitar
Vergonha, que vergonha
Tinha que me atacar

Fútil, fui tão fútil
Que nem me percebi
Palavras, só palavras
Que gaguejei ao te ver sorrir

Beijos, muitos beijos
Eu quis te dar
Horas, poucas horas
Tinha para conquistar

Desejo, ô desejo
De te ter, de te amar
Querer, ê querer
Deite aqui, venha sonhar

Mais uma Destas de Paixão

Mais uma Destas de Paixão

Dedico está canção a um amor
Dedilho esta paixão em cama
Cama de campanha, de guerra
Que me enlouquece, me arranha

Desvio o olhar de ti
Pra não te ver partir
Deixo tudo em teu apartamento
Só levo meus velhos documentos

É assim que se segue o fim
Fim de velhas e novas histórias
Historias de domingo em rede e prosa
Redes digitais, de nosso amor... tão belas, virtuais

Deixo apenas para ti pequenos versos
Que de resto do que me deixou
Abandou meu encanto, deixou-me num canto
Me acolheu, mas nunca me amou

Deixo em breves textos, esta canção
Que amei, supliquei, me enganei
Entreguei, pobre coração
E pra que? Me magoei!

Para os que Vem/Vêm

Para os que Vem/Vêm

O mundo é logo bem aí
É só dobrar uma esquina
Dobrar a folha do cigarro
E cair na rotina

E o mundo se esvai
Em pequenos maços de fumaça
Entre carretas, trio-elétricos e caminhões
E volta ao normal, não importa o que se faça

Leio livros, reinvento Foucault
Em um tom acinzentado, pasmo
Vendo tudo a La Pierre Verger
Entre os pretos e os brancos neste marasmo

Se tudo fosse tão simples barroco
Por que o mundo emudecesse?
Seria a falta de verbos
Ou o excesso de regras que me desse?

Fico na filiação marginal
De um poeta em degradação
Em gradeados de bebidas
Em torno de uma graduação

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Em Camocim...


Em Camocim...

Este é meu mundo, um universo paralelo nunca visitado antes, a não ser por mim. Meu pequeno mundinho isolado do mundo de concreto, dinheiro e metal. Aqui, os dias são menores, as noites mais frias, mas a vida é mais alegre.

Meu quintal ainda é da era das cercas, por onde os visinhos gritavam pedindo ajuda ou inflamando injurias e discórdia. Meu quintal é lugar para todo tipo de vida, todo tipo de planta e arvores. Aqui, as ervas daninhas são muito bem vindas e se alastram por onde podem. Tínhamos um giral, mas o tempo, dele, se encarregou. As pedras, de tão velhas e imóveis que são, ficam cobertas de limo, uns chegam a parecer ovos de dragão!

Ao fundo, junto das ervas daninhas e suas variantes, temos uma goiabeira queimada, ato mais tolo que já vi, e uma sirigueleira-mãe, que sempre nos dá (seus) frutos ao fim do ano. Contam-se história que ela é lar de cobras, abelhas, fadas e duendes. Também há uma pitombeira-macho, que por ser macho, não dá frutos, mas é uma árvore de uma vivacidade incomum. Não há nada mais caloroso que seu abraço! Sempre que possível, é bom e aconselhável conversar com estes velhos anciões, que presenciaram muito em seu silêncio sábio, de que um dia se erguerá como Ente! Reza a lenda, que entre suas raízes dorme o sono eterno o corpo de uma jovem que beijou a dama de negro na infância. Também temos uma aceroleira, mas ela ainda é muito nova para contar histórias, ela só às apreende!

Minha rua é a rua principal e tem seus próprios mitos: assombrações, carroças de duendes seqüestradores de crianças, cavalos invisíveis, lobisomens, entre outras cositas más! Este é parte do meu mundo, bem como a praça-rodoviária fundada sobre um cemitério, que vez por outra, contam achar um fêmur... Um club elitista, que ao ser amaldiçoado pelas magias de um padre veio arder em fogo e/ou foi visitada por um demônio de terno vermelho que dançou a noite toda enquanto o local ardia em cinzas. Há muito mais em mim sobre este mundo que eu possa contar em verdades, muito deste mundo eu mesmo venho inventando, um dia serei contador de histórias e estórias!

Não tenho compromisso com a verdade, deixo-a para a ciência! Meu compromisso é com a fantasia, produto e produtor de Magia! Daqui, deste mundo, que vos apresentei brevemente, é de onde eu colho a quintessência necessária para nutrir a fênix que dorme em meu peito, em meio as suas próprias cinzas, esperando o dia de voar pelos céus da minha mente entorpecida. Aqui, posso escrever contos, contar mentiras, escrever poemas, contar verdades, posso inventar um novo universo só para compartilhar com todos vocês.

Este aqui é meu mundo, minha oficina mágica, meu santuário, minha vida, parte de mim, do meu eu, que guardo para apresentar aqueles que tiverem curiosidade e, acima de tudo, respeito e paciência para se aproximarem com delicadeza!

Sejam bem-vindos ao meu pequeno mundo encantado!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Poetisa Morte

Poetisa Morte

O lirismo que adorna toda a Morte. Ser que não distingui sua presa. Momento em que se suspende o ar, a brisa gélida, o tempo adormece, as flores caem, a noite padece, Morte. Toda sua cor e não cor, todo seu tudo e seu nada, ó Morte!

Eu que te acompanho no dia-a-dia, sei de teus anseios e romances, compartilho minhas angustias mais profundas, mais fundas que minha cova, Morte. Deita-te na cabeceira da cama, dedilha minha nuca fria, faz-me delirar. Morte, amiga vadia, silenciosa e matreira, dedicada a fiar e desfilar nas ruas, nos becos, nos rostos cansados da vida...

Morte, minha amante, minha querida, meu mistério, que queres de mim? Que queres que eu faça? Sempre foges sorridente na calada da noite, mas me desejas em silêncio no momento incerto, insensato, inseguro! Queres me roubar um beijo, mas não tens coragem de assumir!

Morte, tão curta e bela Morte, descanse em paz, para sempre, que sem destino me deixe, desesperado, ao relento, dos dias fúnebres que me enlouquece a conduta, de mundo mórbido sem sonhos e esperanças, que me traga a maldita benção da infinitude, dance comigo um tango, um jazz, um blues... Só não me deixe esperando, venhas se queres ficar, deixe-me se queres partir, mas não se aproveite de um segundo de descuido, para me beijar e depois sorrir e depois sumir...