O lirismo que adorna toda a Morte. Ser que não distingui sua presa. Momento em que se suspende o ar, a brisa gélida, o tempo adormece, as flores caem, a noite padece, Morte. Toda sua cor e não cor, todo seu tudo e seu nada, ó Morte!
Eu que te acompanho no dia-a-dia, sei de teus anseios e romances, compartilho minhas angustias mais profundas, mais fundas que minha cova, Morte. Deita-te na cabeceira da cama, dedilha minha nuca fria, faz-me delirar. Morte, amiga vadia, silenciosa e matreira, dedicada a fiar e desfilar nas ruas, nos becos, nos rostos cansados da vida...
Morte, minha amante, minha querida, meu mistério, que queres de mim? Que queres que eu faça? Sempre foges sorridente na calada da noite, mas me desejas em silêncio no momento incerto, insensato, inseguro! Queres me roubar um beijo, mas não tens coragem de assumir!
Morte, tão curta e bela Morte, descanse em paz, para sempre, que sem destino me deixe, desesperado, ao relento, dos dias fúnebres que me enlouquece a conduta, de mundo mórbido sem sonhos e esperanças, que me traga a maldita benção da infinitude, dance comigo um tango, um jazz, um blues... Só não me deixe esperando, venhas se queres ficar, deixe-me se queres partir, mas não se aproveite de um segundo de descuido, para me beijar e depois sorrir e depois sumir...
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