terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não Há Mistério

Não Há Mistério

Não há mistério no amor
Não há mistério em amar
São só pequenos detalhes
Escolhidos por trás do olhar

São feridas sempre abertas
Do cupido que nos flechou
Lembranças presas na memória
Cores que a fotografia não registrou

Isto é o amar
Isto é o amor
Doces mentiras descobertas
Que o desejo, em verdade, os transformou

Então, não mais se esconda
Por trás desta rubra cor
Não é de haver vergonha nos sentidos
Em que, nossos segredos, poesia se formou

E não há mistério, é segredo
Não há mania, é desejo
E não há verdade ou mentira
Só o sentir, sentido e sentimento, teu beijo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Outro

O Outro

Quando o mundo vaga lentamente no tempo
Eu me escondo na indiferença
Eu conto as horas em pétalas de rosas
Despedaço, despetalada esperança

(...de dias melhores)

O vento faz tudo girar
Cata-ventos cantando meu tempo
Meu coração que já não bombeia
Uma vida inteira sem emoção

“O que você vai ser quando crescer?”
Essa é minha indagação
“O que vou ser quando eu crescer?”
Essa é minha indecisão

Todos querem respostas pra tudo
Nem tudo tem solução
Me pergunto por que o céu é azul
Anil, piscina, marinho, blue

Vejo o espelho, não me reconheço
Quantos pelos nasceram? Onde?
Seria o medo da morte, velhice ou solidão?
Quem meus filhos serão?

“O que você vai ser quando crescer?”
Essa é minha indagação
“O que vou ser quando eu crescer?”
Essa é minha indecisão

sábado, 14 de agosto de 2010

A Poesia Inacabada, o Amor, o Amar e a Imensidão

A Poesia Inacabada, o Amor, o Amar e a Imensidão

O que se esconde em teus olhos
Que tanto me faz prender
A respiração, o olhar
Cravar meus lábios em ti e te sorver?

O que se esconde em mim
Que não consigo escrever
Mas que se faz manifestar
E em ti me prender?

Eu que já me perdi no labirinto de tua pele
Eu que já mergulhei nos teus vales
Eu que já fiz terreno em teu peito
Me pergunto, por que de te querer?

Se no que escrevo há tamanhas verdades
Por que não me dou por satisfeito
As poesias são inacabadas
Mas parecem terminadas, qual o nome deste efeito?

Deve ser bondade de poesia
Se manifestar em silencio, sem ousadia
No sussurro noturno, no suspirar intenso
Mas me pergunto, seria um amor assim tão imenso?

Questionamentos do Coração

Questionamentos do Coração

Há de ser amor!
E se não for?
Há de ser paixão!
Há um mundo proibido
Abaixo da linha do teu coração
Há sinceras e perversas
Vontades e inibição
Há loucuras sinceras
Querendo ou não
Há um rio que nos uni
Há uma porta que se abre
Há um veneno que se beija
Há um poço de coragem
Há o que há de ter
Há o que há de se viver
Então, tem de haver amor
Tem de haver paixão
Querendo ou não
Amo te ver
Amo te tocar
Amo te querer
Amo te beijar
Amo te perder
Para depois te abraçar
Matar saudades
E nos teus braços adormecer

Do Péssimo á Vontade

Do Péssimo á Vontade

É que aquilo que não está em mim
Se dissipa em sonhos etéreos
Não se mantêm corpóreo eterno
Apenas aquém do desejo interno

É que eu me perdi
Quem sabe, foi em uma canção
Em uma bossa-nova ou repente do sertão
O que ocorre é que me vendi

E tudo agora se perde de mim
Os tempos mudaram, eu vi
Os teoremas e teorias se esfacelaram
Ah, como eu quis mudar eu quis, e me mudaram.

Maldita maquinaria aguçada
Que me prende, me coroe, me maltrata
E tudo se desfaz com o vento, com o tempo
Mas me sobram os sonhos e lamentos
Ah, triste solidão, de sonhar e voar
De cair sem perdão
Pessimismo pós-moderno
Agora eu te digo sincero: comigo não

O discurso que proferi
Não corresponde ao que vivi
Apenas apresento uma face do que vejo
De uma humanidade sem desejo

Então me ouça e se cale
Haverá um outro mundo
De pessoas bem vivas, mas que eu
Coloridas e tenazes, de louvor que não morreu

Pintaremos o céu de vermelho
Verde, multicor
Pra que não pensem que queremos dor
Um mundo mais vivo do que o sangue azulado de um feudal senhor

Aqui nasce e morrem heróis
Aqui dentro de mim (também)
Aqui existem sonhos e realidades
Aqui ainda existem possibilidades

Delinqüência Juvenil Em busca de Felicidade

Delinqüência Juvenil Em busca de Felicidade

Cantando pneus
Quebrando a rotina
Curtindo um som
Pegando umas meninas

A gente vai se sentir feliz
A gente inventa uma tal felicidade
A gente tenta ser ator e atriz
A gente mente dizendo a verdade

É o que nos falta
É que nos falta liberdade
De ir e vir (e dormir)
De sorrir a vontade

Temos sempre que fingir
Uma falsa seriedade
De ser um outro e não ser
De ser tido rebelde e não sinceridade

Eu que não quero nenhuma lei
Me acordo sempre as cinco
Sigo a prisão dos noviços
E depois, dizem que devo me prender a um serviço

Qual será a hora de ser feliz?
E desta vez, que felicidade querem me vender?
Eu só quero ser livre a noite
E quem sabe, em uma confusão me meter

Sim, isto é ser feliz
A vida que sempre quis
Sem a calmaria de dias de guerra
E festas em noites eternas

Não agüento a prisão de um quarto
Bom mesmo é fugir e viver
Vagar no vazio da vadiagem
Pedir beijos e abraços
Sem compromisso, só malandragem.

É bem o meu tipo de vida
De buscar ser feliz
Não aceitar gravatas-suicidas
Mas uma bebida, como eu fiz

Ah, juventude transviada
Nunca aceita a media, a pobre ou a alta
Ah, juventude rebelada
Sempre em busca de sexo ou o que os falta

Diariamente, Me Perdendo Eu Vou

Diariamente, Me Perdendo Eu Vou

Eu bem que avisei
Eu quis ficar
Nunca te enganei
Você que preferiu terminar

O abandono diário
A falta de ilusão
A loucura no noticiário
E carinhos... não, não!

Eu só queria um abrigo
Não só dormir em um ninho de amor
Acordar com o teu cheiro
Pra esvaziar esta dor

Eu que nunca quis da vida respostas
Hoje, eu te pergunto.
Pra que tantas propostas
Se você sempre muda de assunto?

Você só quer me beber
Me beijar, me comer
Me solver o vinho dos lábios
E depois me adormecer

Mas, amor que é amor
Carinhos sem dor
Mentiras e verdades
Nenhuma você me consagrou

Agora sobram apenas lençóis
Sem suspiros abafados
Ou beijos molhados
As noites, passa a sós

Mas estranhamente
Ainda quero teu amor
Sinto falta do teu corpo
Sinto frio sem jeito sedutor

Doses Diárias de Viver

Doses Diárias de Viver

Quero uma droga qualquer
Que eu possa solver
Desde um bom café
Até um vinho clichê

Pra dissolver a dor
A angustia diária
Da disritmia pálida
Deste tal viver

Vou catando as moedas
Tristes fins de mês
Alimentação, aluguel, faculdade,
Textos e meu péssimo português.

E eu quero uma droga
Pra esquecer tantas outras
Que me vem, reviram e voltam.
Que tanto me atordoam

Pra dissimular meu tédio
Entre vozes abafadas
Nesta meia luz dos prédios
Entre risos falsificados na madrugada

Ah! Eu quero uma droga
Pra me entorpecer
Pra me sentir mais humano que vivo
Pra falar de tudo do mundo e depois esquecer

domingo, 8 de agosto de 2010

O Verdadeiro Outro Lado da Lua


O Verdadeiro Outro Lado da Lua

O lençol vermelho se espalha
As velas tremeluzem
O batom se esvai em mim
O suor desce, as carnes estremecem

Tudo bem ensaiado
Tudo em seu devido lugar no universo
Luas e sóis se movem entre nós
O centro do universo é aqui, nosso verso

O vinho a pouco acabou
Derramado sobre nós
Suspiros e desejos
Vontades e caricias a sós

Santos, demônios ou anjos
Somos toda boa intenção
Que do inferno está cheio
Corpos em tensão

Um eclipse vai colapsar
Um super-nova vai brotar
Do brilho dos teus olhos
Aos gozo, ao gozar

Nem todo poeta é só amor
É carne, encarnado desejo de viver
É medo e coragem
É ter um motivo pra escrever

Nem que seja se mostrar um outro lado da lua
Por trás de todo romantismo nocturno
Nasce um lado obscuro
De sedução e desejo soturno

O Outro Lado da Lua, uma Encenação




O Outro Lado da Lua, uma Encenação.

Guitarra, ranger dos dentes
Versos e prosas
Tempo presente
Armas e rosas

Espelhos multifacetados
Muitas faces de um mesmo rosto
Tantas vozes de uma mesma boca
Tantos sabores em um mesmo gosto

A separação dos corpos
A colisão do olhar
O suspiro na imensidão
Movimentos, cabelos, trançar.

Tudo entregue em sacrifício
Um altar de panos e trapos
Todos jogados pelos cantos
Corpos cansados em farrapos

Oferendas a um lúcifer da paz
Que empresta suas asas caídas
Para se voar, Ícaros
De Dédalos, tuas pernas, labirinto sem saída

Mas eu sei que alguma ciosa vai mudar
Ainda virão muitos eclipses lunar
Entre corpos que não se querem
Entre desejos que se entreguem

Poesia Antiga, um Tanto Esquecida

Poesia Antiga, um Tanto Esquecida

Eu te dedico uma canção
De saudosismo e solidão
De sinceridade, mentira
De desejo, querendo ou não

Rabisco versos incertos
Busco poesia no cotidiano
Reviro escritos antigos
Tudo muda a cada ano

E o que ainda se esconde em teu sorriso?
Medo, vontade, coragem ou abrigo?
Com doses de ternura, doçura ou veneno?
Olhar de desejo eu de amigo?

Assim vão sendo as coisas
Mudas, mundanas, mudadas
Sempre um eterno resignificar
Um mistério, mil maçãs enfeitiçadas

Arrependimento não deve existir
Não por sorrisos e abraços
Nunca por se ser feliz
Apenas ressentimento pelo fim que não se quiz

Uma Ultima Poesia de Amor

Uma Ultima Poesia de Amor

Quando foi mesmo que tudo aconteceu?
Nem tivemos oportunidade de ver
De sentarmos e vermos estrelas no céu
De deixar o tempo nos guiar, correr

As coisas simplesmente ocorreram
Como tinham de ocorrer
O tempo, os meses, os dias, o espaço
O universo submerso em lembranças, adormecer

Tudo não passou de um sonho
Um belo sonho de verão
Mas sem fim, nunca acabou
Mas, mesmo assim, não continuou

O que eu posso dizer?
Tudo tem meio, inicio e fim.
Mas nunca terminou
Apenas as lembranças doces se prolongam em mim

É por isto que te dedico
Uma ultima poesia de amor
Sem ódio, sem medo, sem dor
Apenas lembranças e carinhos sinceros de quem foi teu sonhador

sábado, 7 de agosto de 2010

Já Não

Já Não

Já não sei o que sei
Eu não sei
Já não quero pensar
Em pensar, eu pensei
Já não quis sentir
Eu não sinto, eu senti
Já não sei sonhar
Eu não sonho, eu sorri!

Em definição

Em definição

Sou um bicho arisco
Sou um moço no asfalto
Sou de pé no chão

Sou livre do ninho
Sou orgulho e coragem
Sou coração

Sou vergonha e vontade
Sou o luxo do lixo
Sou solitário sem solidão

Sou bondade e bobagem
Sou aquilo e sou isso
Sou indefinição

Juras a uma Perfeição

Juras a uma Perfeição

Quando te beijei
Quis morrer
Quis morrer em solidão
Pra não te magoar
Um tão belo coração

Quando eu me deitei
Eu não rezei
Quis ser ateu
O paraíso é aqui
E eu sorri!

Quando eu me entreguei
Eu não fui eu
Quis ser teu
Um pedaço de ti
Mas grudado em mim

Ah, toda perfeição
Ah, tanta perfeição
E não preciso sonhar
Eu preciso de ti. Preciso amar!

Verso Solto para Alguem

Verso Solto para Alguem

Quando eu disse te amo
Eu me amei
Quando eu disse te quero
Eu me quis
Quando eu disse te adoro
Eu me adorei
Quando eu disse te desejo
Eu me desejei
Quando eu te beijo e abraço
Eu já não sei
Eu já não sou
Em uma mistura só
Somos um, somos um nó

Madrugadas Poesias

Madrugadas Poesias

Quero uma companhia pra madrugada
Nem que seja um copo de vinho, quase nada.
Um sorriso sincero, uma roupa levada,
Escurinho maneiro, beijo de namorada.

As coisas vão se levando assim
Perdendo as horas, se perdendo de mim.
Não dou vexame, eu sou um mero ator,
Que não sabe medir o que é belo e pudor.

Não sei se escolho Cazuza ou titã,
Mutantes, Novos Baianos ou Djavan
Mas nas ondas de radio não tem melodia
Nem sequer poesia

Agora vai ficando tudo misturado
Clima, música, vinho, teu gingado.
Os lençóis fingem um ninho de amor,
Que nos chamam, e nem sei se tu vai se eu vou...

E no final da noite, do fruto proibido
Do amor sincero, roubado e bonito.
Roubei do teu corpo o licor temperado
Da fruta vermelha de teu veneno encarnado.

E em um carrossel voamos
Em um voou nos entregamos
E a madrugada já não é mais fria ou solitária
E agora adormece ao desligar da luminária.

Angustia

Angústia

Quando os olhos alcançam à fantasia, ou quando a fantasia se desfaz aos olhos, quando nos deixamos mergulhar nesta, as coisas parecem se perder de si, se desfazer no ar, toda certeza, agora, não passa de um fracasso vago, por mais que acertemos, pois a insegurança nos persegue a mente, o silencio não se sente e o frio é apenas o suor no rosto que cai. Há alguma coisa acontecendo ali.

E acontece a cada dia, nem queremos ver o perceber, nem nos percebemos enquanto gente. Até que um dia, a gente acorda e pensa: “que merda de vida é esta, eu já não me reconheço mais; eu já não sou tão feliz, como sonhei ser; nada acabou, mas nada começou; fico sempre no mais do mesmo e isto não me basta, eu quero algo a mais”... Mas o pior de tudo é não saber o que se quer e ficar abobalhado entre mil ilusões pirotécnicas que a vida nos mostra, viver!

E quando o sol vem nascendo, nada está resolvido, será mais um dia de tédio, ou estresse, ou calmaria sem fim, mas nenhuma emoção que nos faça sentir vivo, ou carinho que nos faça sentir gente, apenas olhares aterradores que espreitam prontamente e atacar, todos com suas boas intenções travestidas de um discurso político capitalizado tem tempo e espaço, de ser e fazer, de nunca pensar só repetir, e assim vagam-se os dias!

E quando cai a noite, sempre a mesma ingratidão, após um dia cansativo. Muitos pensamentos sobre a vida, o mundo, as coisas e as idéias... Nada se resolve ou tem ponto final, afinal de contas, nos sentimos sós, únicos e calados, vagando em nossos pensamentos que não são nossos, pois por mais singulares que sejam, qualquer poeta poderia configura-lo em um poema universalizante! É, queremos ser únicos e incríveis, em vez de sermos bons e amáveis...

E no fim de tudo, mais um escrito cansado, de palavras aparentemente vazias, um derramar de idéias e angustias frias, tudo em um copo cheio de vida e morte, pois assim são as coisas passageiras (da vida), efêmeras como fogos de artifício, que de muito lindo se desfaz no ar, como estrelas cadentes que depois de mortas ainda expõem uma viva e tremeluzente brilho fantasmagórico de que um dia foi.