terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Algumas Verdades Antes de Dormir

Algumas Verdades Antes de Dormir

O que há por trás desta vil carne não é nada de mais belo do que um cadáver pútrido. O que há são histórias não contadas, engolidas e amarradas na boca de um sapo. O que há são histórias que nunca ninguém deveria saber, mas se contam antes de dormir. Histórias que se queria esquecer.

O que se esconde por trás dessa língua de trapo são histórias mal contadas e embebidas em fel, mágoa e traição. A verdade que se pode diluir e ingerir é tão turva como água do esgoto mais profundo e profano que os olhos possam ver, ou crer. Verdades tão duras ouvidas, fervidas nas orelhas de uma criança, como um caldeirão de uma velha bruxa nazista.

E o que vem depois é um silêncio aterrador, tão profundo quanto os olhos e um moribundo a padecer. Segredos disfarçados de mentiras que se gostaria de crer. Segredos velados e gravados na alma crua e inocente, maculada. A vida que se passa como um filme de terror gutural dos anos ’80; frio e imoral, sem cortes ou censuras.

E o que fazer agora, senão escrever? Tentar disfarçar as amarguras do tempo... Revirar baús empoeirados de vidas, sem vida, dentro de si. E mergulhar num abismo triste, uma prisão silenciosa e sem fim de vícios... Vícios de mentir para si. E a certeza do apartamento vazio é menor que a certeza da solidão ingerida em comprimidos para dormir.

Meus ossos doem de frio. Meus temores os corroem. A boca seca busca engolir alguma saliva... E antes que eu me esqueça, sim, tudo isso eu vivi.

... Eu acredito no silêncio das crianças!


"Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita"

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