Algumas Verdades Antes de Dormir
O que há por trás desta vil carne não é nada de mais belo do
que um cadáver pútrido. O que há são histórias não contadas, engolidas e
amarradas na boca de um sapo. O que há são histórias que nunca ninguém deveria
saber, mas se contam antes de dormir. Histórias que se queria esquecer.
O que se esconde por trás dessa língua de trapo são
histórias mal contadas e embebidas em fel, mágoa e traição. A verdade que se
pode diluir e ingerir é tão turva como água do esgoto mais profundo e profano
que os olhos possam ver, ou crer. Verdades tão duras ouvidas, fervidas nas
orelhas de uma criança, como um caldeirão de uma velha bruxa nazista.
E o que vem depois é um silêncio aterrador, tão profundo
quanto os olhos e um moribundo a padecer. Segredos disfarçados de mentiras que
se gostaria de crer. Segredos velados e gravados na alma crua e inocente,
maculada. A vida que se passa como um filme de terror gutural dos anos ’80;
frio e imoral, sem cortes ou censuras.
E o que fazer agora, senão escrever? Tentar disfarçar as
amarguras do tempo... Revirar baús empoeirados de vidas, sem vida, dentro de
si. E mergulhar num abismo triste, uma prisão silenciosa e sem fim de vícios...
Vícios de mentir para si. E a certeza do apartamento vazio é menor que a
certeza da solidão ingerida em comprimidos para dormir.
Meus ossos doem de frio. Meus temores os corroem. A boca
seca busca engolir alguma saliva... E antes que eu me esqueça, sim, tudo isso
eu vivi.
... Eu acredito no silêncio das crianças!
"Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita"
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