quinta-feira, 19 de julho de 2012

Do Feudo aos Burgos (ou Travessia das Feiras Medievais)


Do Feudo aos Burgos (ou Travessia das Feiras Medievais)

Eu era um rei, um soberano
Tinha tudo em minhas mãos
Pouco me faltava e, assim, eu vivia
A cada dia

Tinha o céu, tinha o mar
Tinha o solo e as sementes
Um punhado de estrelas
E certezas

Então, veio vocês
Com suas luxuosas fantasias
Delírios, lembranças, folia
Companhia...

Meu mundo era inacabado
Profundo e ao mesmo tempo raso
Tão barato em suas bijuterias
Sem um pingo de alegria

Agora, eu era plebeu, um outro, um qualquer
Tinha amigos e irmãos
Muito se vivia e pouco faltava
Muito se amava

(Dedicado a todos os meus caros amigos)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mistérios Sempre Existirão


Mistérios Sempre Existirão

Uma vez li em um livro de perspectiva junguiana algo sobre alquimia, que se remetia ao processo de autoconhecimento, perceber-se e mudar o que foi percebido. Dividia-se o processo de mudança em três períodos, como os três estágios alquímicos para a perfeição, metaforizados na figura da Fênix: nigredo, albedo e rubedo.

Uma vez, um professor ministrava sua aula e utilizou como metáfora a figura de Siddharta Buddha em sua busca pelo Nirvana, no qual derrotar a si mesmo seria necessário para alcançar a iluminação. Se despir de todos seus conceitos e preconceitos sobre si para mudar. Se despir de toda audácia e orgulho, planos, se deixar a deriva!

Este estado de nigredo, olhar pra si e ver refletidos os maus que não se desejava sobre si é um período conturbado e muito fácil de fugirmos. Nada é mais difícil do que nos percebermos como a origem de nosso mal. Percebermos que nos mantemos presos a nossas contingências e as naturalizamos como culpadas, quando nós poderíamos modificá-las. Alcançar a purificação, mudando um a um os delírios de si, banalizados no cotidiano. Alçar voou como Fênix deixando queimar-se no rubedo...

Há muitas metáforas que se pode usar para compreender este movimento nosso no mundo e como mudamos (ou não) em suas revoluções...

Algo interessantíssimo sobre o ser humano é que só nos percebemos a partir do outro, do contraponto de quem somos, do inominável desconhecido do dia-a-dia.

Que me venham boas contingências, se não vierem, que eu as construa. Que em sua construção não caia em hubris, se eu cair, que hajam olhos nervosos a denunciar e que eu reflita em suas íris, como espelho, aquele eu que me mostro em um instante, fugaz. Que no momento seguinte, eu me mostre outro outro de mim, que sou agora.

Que eu consiga despertar a irá dos deuses por me orgulhar de meus erros e elogiar meus pesadelos, pois dos prazeres da carne, eu danço em delírio...

Deus um delírio? Eu um delírio!
E grandes mistérios sempre existirão!