Sobre a Escrita
O ato da escrita tem se tornado distante, difícil e, por vezes, vazio. Talvez por falta de tempo livre para refletir sobre a vida, para sentir a vida em todas suas diversas formas ou quem sabe o acumulo de diversas emoções inomináveis ao longo de dias tenha tornado a possibilidade de escrita um desafio maior do que antes. A questão é que tem sido difícil encontrar tempo para ir de encontro a mim mesmo, ficar só, sentir-se inteiramente só... Para poder sentir, pensar, refletir e, então, escrever.
Meu processo de escrita é como me tornar um andarilho, um viajante solitário, pegar minhas coisas e por o pé na estra em busca de novos horizontes. As minhas experiências pessoais seriam a minha bagagem e o caminho seria o próprio ato da escrita. Cada novo passo, cada novo verso, marcando a folha vazia com diversas letras, com diversas marcas no caminho que vou seguindo.
Pra mim, escrever é uma oportunidade de estar comigo mesmo e poder dialogar comigo mesmo sobre as coisas que trago no peito, que mexem comigo, que me comovem. Nesta vida frenética, tenho sentido o quanto é difícil nos permitirmos sentar e estarmos conectados apenas com nós mesmos. Muitas tecnologias tem nos deixado ligados no mundo lá fora 24 horas. Escrever é a forma pela qual eu acho de me encontrar no meu mundo, de me desligar dos outros mundos, de estar presente, de estar inteiro em algo.
Na escrita posso dar vazão a fantasia, a loucura, ao delírio que reside em mim. É quando eu materializo os sonhos, devaneios, posso transformar em matéria real aquilo que é intangível, aquilo que me pertence, posso operar ritos e misticismo, a escrita como forma de magia.
Espero, aos poucos, retomar a estrada e seguir o meu caminho, mesmo que o mundo gire suas engrenagens loucas do dever e ordem, das responsabilidades, me permitirei estar aqui para ser livre, para voar, fazer magia, sonhar.
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