terça-feira, 27 de setembro de 2011

Meu Corpo

Meu Corpo

Meu corpo é um depositário de existência
Pouco sei sobre o que fazer
Pouco sei sobre o que sou
Pouco entendo como estou

Meu corpo é um depositário de sonhos
Pouco sei se acontecerão
Pouco sei de onde vem
Pouco sei se há alguém

Meu corpo é um depositário de desilusão
Pouco sei sobre o que fazer
Pouco sei sobre chorar
Pouco sei suportar

Meu corpo é um depositário de esperanças
Esperar, esperar, esperar
Esperança
Um dia mudar...

Meu corpo, depositário de vida
Minha vida

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nobre Burguês

Nobre Burguês

Eu nunca fui um bom menino
Mas quem de fato o quer ser?
O que nos prometem é profano
Dê-nos o fruto proibido, o normal e o insano

Não tenho mais saco pra televisão
Hoje, sei contar minhas próprias mentiras
Inventar novos vícios e virtudes
Vender e comprar pacotes de atitude

Eu saberia ser um bom burguês
Arrotar como um velho luso-português
Ninguém me explicou as respostas
Minha dúvida é minha grande aposta

Não tenho tempo para dissimulação
Sou tolo mesmo, sem educação
O futuro é uma mera possibilidade
De estatísticas não vive a verdade

Quero vinho, quero a menina
Que me provoca que me alucina
Meu dinheiro é o milagre da vida
Tenho crédito no bar da avenida

Fim do mês o corre-corre
Se o chefe pega, alguém logo morre
Não tenho tempo para sensatez
Um dia me torno um nobre burguês

Amor anos 80

Amor anos 80

Eu te encontrei
Você me desencontrou
Nem pude perceber
Quando a TV pifou

Cenas e reprises
Quase um filme de terror
Suspense e soluços
Será que ‘inda é amor?

A carta que enviei
Não sei quem encontrou
Se o correio perdeu
Ou o carteiro roubou

Você pode não crer
Nem tentar acreditar
Não sei se te magoei
Quando tentei me resguardar

Agora só restam preces, promessas
Baladas antigas, Cazuza e Barão
Quase maior abandonado
Quase sem querer, no meio da Legião

Eu te encontrei
Você me desencontrou
Não fizemos nada errado
Mas nosso lance acabou

Eu, solidão


Eu, solidão

Onde estou
Onde estão
Meus sonhos
Eu, solidão

Pequenas levezas
Detalhes escondidos
Partes de mim
Sonhos perdidos

Cada capricho
Cada sorriso
Cada lembrança
Só isso...

Diluídos no tempo
Pretérito, passado
Imperfeito momento
Fotográficas, retratos

Onde estou
Onde estão
Meus sonhos
Eu, solidão...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sinfonia a uma Flor


Sinfonia a uma Flor

Desvanece a flor
Não se reconhece
Não o faz ao se tocar
Não enlouquece

As pétalas macias
Macias a quem?
Se não for a si
Por que dedica a alguém?

Não precisa de espelho
Nem de voto ou desejo
Nem quem olhe por ti
Nem traição em um beijo

Paradoxos a parte...
Por que se envaidece
Se empluma a florir
Se nos outros padece?

A luz que ti guia
Reverbera de teu ventre
Não se entregue aos ventos
Apenas amor te adentre

Cresça, cresça pequena flor
Despetale-se por si
Nunca, para outros, ver e vestir
Sinta seu corpo, doma-ti