O Declínio da Carta XVI (ou Manifesto Contra a Torre de
Marfim)
Em jogos de cartas marcadas, eu subverto a ordem, eu inverto os temas, eu
invento a roda. Não é preciso ir muito além para se descobrir uma teia de
aranha, uma teia digital, que nos prende (ou tenta nos prender), nos limitar as
asas, mas não nos cansamos de voar! Ateamos fogo contra a teia que nos prende e
chamuscados abrimos asas, abrimos voo em decadência, e em ultimo instante em
cena, nos revelamos fênix e vitória! Afinal, a magia nasce da necessidade!
Não será por seguir o som de seus passos que poderemos
vislumbrar o horizonte... Queremos sempre ir além, além da máquina, das
maquinarias, de um horizonte holográfico, queremos fingir tocar com ímpeto o
firmamento. Somos deuses que nasceram da carne do homem, somos homens que
provieram das ideias dos deuses. Somos encarnação de um canto muito antigo e há
muito esquecido, somos magos ordinários em tempos de pessimismo colorido,
dolorido e extasiado, que nega a dor de existir e anestesia a tentativa de
inventar um mundo novo (mas não a Nova Ordem Mundial)!
Somos a semente, que ninguém plantou. Somos o fruto, que
ninguém degustou. Somos a árvores, que ninguém abraçou. Somos caminho ainda a
ser feito! Ouça o som da minha voz, mas não siga meus passos. Ouça o apelo do
mundo, mas não curve diante dele. Ouça o tempo girando, descendo e rodando sem
fim, mas não se perca nele.
Desperte!
Mesmo assim, talvez você queira jogar o jogo das cartas
marcadas, nada impede. Cada um que faça seu caminho, mas há um pedido, um único
imperativo que vale a pena ser escutado e seguido:
“E agora vão, e cometam erros interessantes, cometam erros maravilhosos,
façam erros gloriosos e fantásticos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar
mais interessante por vocês estarem aqui. Façam boa arte!”*
* Trecho retirado de um discurso proferido por Neil Gaiman. Escolhido por mim por parecer um bom devaneio!